Santo André, o orago da igreja de Cristelos
A história do martírio de Santo André é descrita na coleção, «A Lenda Dourada», escrita no século XIII, por Tiago de Vorágine. Estas coletâneas de narrativas hagiográficas constituem uma das bases da iconografia cristã de todos os séculos. Tiago de Vorágine, refere que o apóstolo Santo André estava na Acaia (Grécia) e que fundou numerosas igrejas convertendo muitas pessoas à fé de Cristo, entre eles, a esposa do procônsul romano, Egeias. Quando este último descobriu, ficou furioso e quis forçar os cristãos a ofertar sacrifícios aos deuses pagãos. Santo André foi então ao procônsul e tentou convencê-lo a desistir dos seus esforços e aproximar-se do Cristianismo, mas o procônsul ordenou a sua prisão. Santo André foi então flagelado e pendurado na cruz, como o Deus de quem tanto falava, mas preso apenas pelas mãos e pelos pés, sem o pregar, para que demorasse mais tempo a morrer e assim prolongasse o seu sofrimento.
A escultura de vulto de Santo André ilustrada na imagem abaixo pertence à igreja de Santo André de Cristelos (Lousada). Nesta, podemos identificar o principal atributo do seu martírio, a cruz aspada/ cruz em forma de “X”. Para além da cruz, podemos identificar o livro dos evangelhos, as vestes simples e ainda o facto de surgir descalço, como sinal das suas humildes origens.
Na imagem que se segue, é apresentada a pintura de um dos mestres do período barroco, Caravaggio, é evidenciada a captação do momento específico do martírio de Santo André. O pintor utiliza a luz de forma estratégica para incidir nos principais detalhes, através da assimetria e do jogo de diagonais.
Caravaggio transmite o drama da morte milagrosa de Santo André através dos músculos tensos do homem tentando desatar os nós que o prendem na cruz (mas sendo incapaz de fazê-los) e pela expressão de espanto das pessoas que presenciam a cena.
Texto: Divisão de Património e Arqueologia
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